domingo, 3 de fevereiro de 2013

TRANSEXUALIDADE E SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL





Nós, profissionais  médicos urologistas, endocrinologistas e cirurgiões, psiquiatras,
psicólogos e psicanalistas, profissionais das diversas  áreas  da saúde, desembargadores,
operadores do direito, professores de Medicina, Bioética, Psicologia e Direito, representantes de
Conselhos e Comitês  Nacional, Estaduais e  Regionais, Coordenadores Nacional de Saúde
Mental e de Procedimentos de Alta Complexidade do MS, representantes de movimentos sociais
de transexuais do Brasil, usuários, estudantes de Psicologia, Medicina e demais áreas da saúde e
estudantes  de Direito, reunidos  por ocasião da Primeira Jornada Nacional  sobre
“Transexualidade e Saúde: a assistência pública no Brasil”, promovida pelo Instituto de
Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e pela Coordenação de Saúde
Mental do Ministério da Saúde, realizada nos dias 9 e 10 de setembro de 2005, na Universidade
do Estado do Rio de Janeiro, para analisar e discutir a questão da transexualidade em todos os
seus aspectos e garantir um compromisso ético  nacional, regional e local para aumentar a
coordenação  e intensificar as iniciativas locais e nacional para o tratamento  e assistência da
transexualidade, e profundamente preocupados com a qualidade de vida dos indivíduos
transexuais e sua saúde mental e física e integridade, discutimos os seguintes temas:
1- Transexualidade e Saúde: aspectos históricos, políticos e sociais;
2- O atendimento psicológico e psiquiátrico: diagnóstico e tratamento;
3- A complexidade da terapia hormonal;
4- Aspectos cirúrgicos da Transexualidade;
5- Efeitos éticos e jurídicos da transexualidade; seguidos de uma plenária final.
A referida discussão resultou neste documento, que RECOMENDA:
1º A imediata convocação do grupo de trabalho previsto na Portaria nº 880, de 13 de maio de
2004, do Ministério da Saúde, para a formulação de propostas de Política Nacional de Saúde
para a população de gays, lésbicas, transgêneros e bissexuais.
2º O incentivo, a organização e a sistematização de serviços interdisciplinares para o
atendimento a transexuais na rede pública no Brasil.
Transexualidade_e_Saúde_Pública_no_Brasil_documento_final.doc
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SET/OUT 2005 3º A realização de um levantamento de todos os serviços que atendem essa clientela, visando:

- a elaboração de um banco de dados nacional;
- a criação de um protocolo de atendimento a esta população;
- o estabelecimento de diretrizes unificadas.
4º A promoção de campanhas de esclarecimento à população sobre a condição transexual.
5º A incorporação dos procedimentos  cirúrgicos de redesignação sexual na tabela do Sistema
Único de Saúde em Centros de Referência de Assistência Interdisciplinar a pacientes transexuais
no âmbito dos Serviços de Assistência de Alta Complexidade do Ministério da Saúde.
6º A inclusão na relação de medicamentos excepcionais custeados pelo Ministério da Saúde de
17 Beta estradiol para administração percutânea e transdérmica, de acetato de ciproterona e de
cremes vaginais de estrogênio em Centros de Referência de Assistência Interdisciplinar  a
pacientes transexuais, no âmbito dos Serviços de Assistência de Alta Complexidade do
Ministério da Saúde.
7º Considerando a definição de saúde  da Organização Mundial de Saúde como um estado de
bem-estar físico, psíquico e social do indivíduo, referendamos a resolução do Conselho Federal
de Medicina nº 1652/2002 e recomendamos a redução para 18 (dezoito) anos, da idade mínima
para o início do processo visando à cirurgia.
8º Considerando que as cirurgias de mastectomia, salpingooforectomia, histerectomia,
mestoidioplastia e escrotoplastia para os casos de transexualismo feminino já são  bem
conhecidas e determinadas tecnicamente, propomos manter apenas a cirurgia de neofaloplastia
como experimental para os casos de cirurgia de redesignação sexual para transexualismo
feminino.
9º Incentivar pesquisas  científicas incluindo  não só as questões cirúrgicas,  mas também
diagnósticas, etiológicas e epidemiológicas para os casos de transexualismo feminino.
Transexualidade_e_Saúde_Pública_no_Brasil_documento_final.doc
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SET/OUT 2005 10º Sugerimos a inclusão do tema transexualidade no currículo de graduação nos cursos da área
da Saúde, Educação e Direito.
11º A retificação no registro civil do nome do transexual que se encontre em tratamento,
independentemente de a cirurgia de redesignação ter sido  realizada; após cirurgia  de
redesignação genital, mediante laudo, que o sexo do indivíduo seja retificado no assento de
nascimento.
Márcia Arán – Psicóloga, psicanalista, professora do  Instituto de Medicina Social da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Pedro Gabriel Delgado  – Coordenador de Saúde Mental do Ministério da Saúde, psiquiatra,
professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Walter Koff – Presidente da Sociedade Brasileira de Urologia, médico urologista do Hospital
das Clínicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, professor da Faculdade de Medicina
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Sergio Zaidhaft – Coordenador das Atividades Educacionais do Hospital Universitário
Clementino  Fraga Filho, médico psiquiatra, professor da Faculdade de Medicina da
Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Eloísio Alexandro da Silva – Médico urologista do Hospital Pedro Ernesto, professor da
Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Ricardo Meireles – Diretor do Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia.
Alexandre Saadeh – Médico psiquiatra do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, professor da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo.
Amanda Athayde – Médica endocrinologista, chefe do Ambulatório de Disforia de Gênero do
Instituto Estadual de Diabetes Endocrinologia,  professora da Faculdade de Medicina da
Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Maria Berenice Dias – Desembargadora do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do
Sul.
Heloisa Helena Barbosa – Professora da Faculdade de Direito da Universidade do Estado do
Rio de Janeiro, membro da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa.
Transexualidade_e_Saúde_Pública_no_Brasil_documento_final.doc
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SET/OUT 2005 Jacqueline Rocha Cortes – Militante do  movimento de transexuais, assessora do Programa
Nacional DST-AIDS do Ministério da Saúde.
Joel Birman – Psicanalista, professor do Instituto de Medicina Social da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro, professor do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de
Janeiro.
Elvira Carvajal – Presidente da Comissão de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado do
Rio de Janeiro, professora do Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro.
Thais Ribeiro – Psicóloga do Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia.
Maria Inês Lobato – Médica psiquiatra do Hospital das Clínicas da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul.
Elaine Maria Frade Costa – Médica da Unidade de Endocrinologia do Desenvolvimento do
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina  da Universidade de São Paulo. Responsável
pelo Ambulatório de Transexualismo.
Rosilda de Mendonça Vaz – Médica endocrinologista responsável pelo Núcleo de Disforia de
Gênero do Hospital Universitário, professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal
de Alagoas.
Ronaldo Damião –. Médico urologista do Hospital Universitário Pedro Ernesto, membro titular
da Academia Nacional  de Medicina, professor  da Faculdade de Ciências Médicas da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Jhosen Gouvêa - Médico urologista do Hospital Universitário Cassiano Antônio de Morais,
professor do Centro Biomédico da Universidade Federal do Espírito Santos.
Cláudia Ramos - Representante da Articulação  Nacional  das  Travestis e  Transexuais no
Brasil (ANTRA).
Transexualidade_e_Saúde_Pública_no_Brasil_documento_final.doc
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SET/OUT 2005

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