domingo, 16 de setembro de 2012

Diferenças Brasil vs Inglaterra Início do Tratamento Hormonal



Existem diversas diferenças entre o Brasil e o Reino Unido com relação ao transexualismo e ao processo para se iniciar o tratamento hormonal. Muitas vezes, nós brasileiros tendemos a achar que os processos brasileiros são piores e mais demorados do que em países de primeiro mundo. Vários FTMs brasileiros demoram anos para conseguir iniciar o tratamento hormonal devido à falta de informação dos profissionais e à burocracia.

Contudo, esse tipo de problema também acontece no Reino Unido. O sistema de saúde público também é demorado e muitas vezes existem filas de espera de mais de 1 ano para se conseguir a primeira consulta com um psiquiatra especializado em transexualismo. Além disso, os profissionais que não sao especializados em transexualismo normalmente desconhecem totalmente os processos que devem ser seguidos para se iniciar o tratamento hormonal através do sistema de saúde gratuito.

A principal diferença entre o Reino Unido e o Brasil nesta questão é que, normalmente, quando a pessoa tem uma condição monetária suficientemente boa para iniciar o tratamento hormonal em clínicas particulares, é possível iniciar o tratamento muito mais rapidamente do que pelo sistema de saúde gratuito. Já no Brasil, é difícil encontrar clínicas particulares especializadas em transexualismo (especialmente para FTMs) e a tentativa de se iniciar o tratamento obtendo consultas particulares com psicólogos ou endocrinologistas pode até fazer com que o início do tratamento demore mais, ao invés de ser mais rápido.

Mudança de Nome e Sexo/Gênero

As diferenças entre o Brasil e o Reino Unido quanto à mudança de nome e sexo são bastante grandes. No Reino Unido, é muito mais fácil trocar o nome e sexo do que no Brasil.

No Reino Unido:

Para se mudar inicialmente o nome e o gênero, não é necessário ter realizado nenhuma forma de tratamento ou cirurgia. Com uma simples declaração (statutory declaration) ou um contrato (deed poll) é possível mudar o nome e título (Mr./Ms./Mrs./Miss) em documentos como carteira de motorista, passaporte, dentre outros. Contudo, não é possível mudar a certidão de nascimento. Após 2 anos desta mudança inicial, é possível obter uma certidão de reconhecimento de gênero (Gender Recognition Certificate), desde que a pessoa tenha sido diagnosticada como tendo distúrbio de identidade de gênero. Não é preciso ter realizado nenhuma forma de tratamento hormonal ou cirurgias para obter esta certidão. Após a obtenção desta certidão, é possível trocar o sexo na certidão de nascimento. Contudo, recomenda-se que se coloque o sexo de nascenca ao preencher alguns poucos tipo de formulários,  como por exemplo o de seguro de saúde, para evitar quaisquer problemas em obter algo do seguro quando necessário.

No Brasil:

Para se mudar o nome e sexo no Brasil, é necessário entrar com um processo na justiça. Hoje em dia, já existem casos de FTMs que conseguiram mudar o nome e sexo após estarem com aparência bem masculina, ter realizado histerectomia, ooforectomia e mastectomia/ginecomastia, mas não necessariamente a cirurgia genital, alegando que esta cirurgia ainda é totalmente experimental e muitas vezes não apresenta resultados satisfatórios, além da fila do  SUS ser muito grande para realizá-la. Infelizmente não há leis específicas a respeito da troca de nome e sexo para transexuais no Brasil e o processo pode levar anos (por exemplo, 3 anos) na justiça. Contudo, ainda estamos melhores que outros países, em que é necessário se realizar a cirurgia genital para conseguir mudar de nome e sexo!!



Sociedade


No Reino Unido, a sociedade é consideravelmente bem informada sobre o transexualismo. Quando eu realizei a minha troca de nome nos documentos britânicos, por exemplo, eu não sofri nem um tipo de preconceito e os órgãos já estavam todos preparados para esse tipo de alteração. Além disso, as pessoas não se importam tanto com a vida dos outros. Isso tem pontos negativos, mas também tem pontos positivos. Por exemplo, se um casal composto por um homem transexual que não passou por tratamento hormonal e uma mulher andar de mãos dadas na rua, ninguém vai olhar torto ou dar risadinhas, da mesma forma que ninguém daria bola para uma pessoa que estivesse vestindo roupas diferentes do comum. Resumindo, o preconceito, não somente contra transexuais, mas também contra homossexuais, existe, mas é reduzido.

Infelizmente a sociedade brasileira não é muito bem informada com relação ao transexualismo e as pessoas muitas vezes não sabem o que é ou confundem com travestismo, com homossexualismo ou até mesmo com hermafroditismo. Por outro lado, felizmente é possível notar uma melhora do conhecimento da sociedade brasileira sobre transexualismo com o tempo. Recentemente, a midia tem publicado mais informações sobre transexuais, embora as vezes a informação que a midia passa seja errônea.  Contudo, um problema bastante sério é que a sociedade brasileira ainda é bastante conservadora e preconceituosa. No exterior, muitas pessoas acham que, por causa do carnaval, a sociedade brasileira possui mentalidade aberta com relação à transexuais e homossexuais. Mas, na realidade, a aceitação que ocorre durante o carnaval não acontece durante o resto do ano. Muitas vezes a religião, que deveria ser utilizada para pregar a igualdade entre os indivíduos, é utilizada como justificativa para o preconceito.

Estereótipos


No Brasil, as pessoas muitas vezes têm uma imagem estereotípica dos transexuais. Imagina-se que existem somente transexuais mtf e que são cabeleireiras ou manicures. Contudo, existem transexuais tanto mtf quanto ftm atuando nas mais diversas profissões tanto no Brasil quanto no exterior. Existem jogadores de futebol, operários de fábricas, cientistas, carteiros, médicos, eletricistas, cantores, etc, etc, etc. Existem transexuais em todos os segmentos da sociedade, independente da raça, crença, preferência sexual, escolaridade, etc.

Fonte site : https://sites.google.com/site/brasilftm/

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